sábado, outubro 10, 2009

Senhor, Ensina-nos a orar!


“Estava Jesus em certo lugar orando e, quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.
Ao que ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino;
Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano;
E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos deve; e não nos deixes entrar em tentação, [mas livra-nos do mal.]” Evangelho de Lucas


A cada instante da caminhada da nossa vida, ao sentirmos, percebermos, quer construindo ou desconstruindo pensamentos e ações, temos a tendência sempre de focar no mais-influente para se possível tornarmos seguidores afluentes de idéias que conveniamos ser útil para nós. O Mestre Jesus, em sua própria vida-ministério viveu a plenitude do “fazer-dizer” incorporando na vida dos seus discípulos a mesma disposição de caminhada de fé. Em toda a extensão de vida e ensino do verdadeiro Messias, baseava-se na concretização do seu falar em atos fundados em amor, seja na realização de milagres na ordem social, psíquica, física e espiritual, seja nos ensinos quer a escribas, doutores da Lei, ou até mesmo a uma simples mulher gentia.


A maior dádiva divina entre os homens estava no fato de que “todos nós recebemos da sua plenitude, e graça sobre graça” (Jo. 1.16). Não há maior prazer em Deus ao ver no Seu Filho a sua Real Expressão, pelo simples fato de ensinar, conviver com homens faltosos o sentido pleno da graça em sua total harmonia entre os céus e a terra.


A graça de Deus hoje nos convoca a dinamizar esses ensinos proferidos pelo Rei dos reis, em nossa vida diária e reconhecermos o seu exato valor.
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O texto de Lucas nos indica que Jesus estava em certo lugar orando, convém salientar que Cristo tinha um lugar específico ou talvez não, Ele apenas se preocupa a ocupar o verdadeiro lugar, “topos” (palavra grega para lugar) da vontade do Pai. O lugar necessariamente não indica a nós a “brecha” correta de comunhão com Deus. Poderia ser no monte, um deserto ou num vale, ou até mesmo perto do geena (lixão de Jerusalém), mas o que vale pra Deus é a posição correta do coração em relação ao Trono da Graça.


O hábito salutar de Cristo ao estar orando ao Pai, é o que mais vemos em todos os evangelhos, até porque a comida dele era fazer a vontade Daquele que o enviou. As suas práticas devocionais de oração são pertinentes a seu modo de vida. O evangelista Marcos afirmava que Ele levantava-se muito cedo ainda escuro, e o lugar “um deserto” era sua catedral de súplicas e intercessões (Mc 1.35). Sempre de praxe procuramos um lugar confortável para fazermos nossas devocionais, é claro que não vamos sair por ai procurando o primeiro deserto árido para orar.


O deserto do qual Cristo estava imerso a Deus em oração, era antes de qualquer coisa o que Ele poderia sofrer mais tarde. Estaria de fato mesmo abandonado por seus melhores amigos na hora mais árida da Sua vida, porém o Pai jamais o abandonaria! Era essa a sua posição de oração a Deus, ao buscar Nele a graça, o poder Celeste. Ora não seria muita perda de tempo dele ao estar em oração já que Ele é Filho de Deus podendo a qualquer instante mudar todo o rumo da história? Porém o plano divino era a sua sede a qualquer custo, mesmo que custassem horas a fio em oração em pleno deserto de vida e ministério.


Marcos ainda afirma que despedindo o povo subiu ao monte para orar mesmo sendo fim de tarde já chegando à noite e “sozinho em terra” (Mc 6.46,47). Cristo acabara de realizar o milagre da multiplicação dos pães, ao ver um povo sedento, desfalecidos pelo falta de pastoreio e carente de ensino. Observamos a “compaixão” de Jesus que mesmo ouvindo os apelos dos discípulos para “despachar” o povo, até porque se torna cansativo quando não se tem nada para dar ao povo, pelo fato de não termos nada para oferecer e sim muito para sugar, explorar, fazer dele uma projeção do nosso ministério, e ainda arrogamos que fomos chamados por Deus a fazer tal coisa.


Com Cristo, porém é diferente, os anseios mais profundos tanto da alma como do estômago, são percebidos pela compaixão divina. A sua resposta foi “Dai-lhes vós de comer” e a materialização da benevolência de Deus “E todos comeram e se fartaram”. O que isso implica a nós? Bem o texto continua dizendo “Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco e passar adiante, para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. E, tendo-a despedido, foi ao monte para orar”. Poderia acontecer ali uma tremenda “carreata” do povo ao proclamá-lo Rei, o Messias, a fim de aumentar ainda mais a sua popularidade, pois qual o problema ter uma “famazinha” até mesmo pra dá aquela “forçinha” no ego? Muitas. Porém a sua atitude foi despedir toda aquela força humana que o impulsionava a mexer nos brios dos tiranos da época. É necessário às vezes despedir de multidões que nos arrimam a viver uma vida independente de Deus.


E quão terrível é ser levado no andor das multidões que glorificam os nossos dons, talentos e cairmos no apelo do diabo de nos desligarmos da Videira Verdadeira, e produzir por nós mesmos frutos da nossa auto-justificação e arrogante piedade!
A comunhão de Cristo trouxe à vida dos discípulos um novo modo de encarar a oração. Voltando ao texto de Lucas, vemos que após a ação de orar de Cristo, os seus seguidores ficaram compelidos a beber também dessa fonte não da forma que os rabinos e mestres da Lei faziam, mecanizada, fria e sem vida. Porém ao verem eles o Filho de Deus chamar o Deus de Israel de PAI, havia sim algo diferente e que os seus discípulos queriam aprender. Eles clamam “Senhor, ensina-nos a orar”.


A primeira ação de orar visa em simplesmente em orar! É orando que aprendemos a ter a comunhão filial-Paterna e obter de Deus a Sua Graça. É a busca da instrução da verdadeira adoração, não existindo nenhuma fórmula, segredo, composto por homens de fajuta fé que transtornam mentes e corações a seguirem rituais, puramente produzidos por doutrinas humanas. Quer ter uma vida de “intimidade” com Deus? Clame “Senhor, ensina-me a orar”.


Mário Celso, aprendendo com o Mestre





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